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Perguntas e respostas de John Green a seus leitores

24 de jun. de 2014

 
 
Curiosidade: O título do livro é uma variação de uma citação da peça Julio Cesar (ato I, cena II), de William Shakespeare: "The fault, dear Brutus, is not in our stars, but in ourselves...", que em tradução livre significa "A culpa, querido Brutus, não está nas nossas estrelas, mas em nós mesmos...".
 
letsyoutofhistown perguntou: Você poderia falar mais sobre o significado do título A culpa é das estrelas? Sei que existe uma referência a isso no livro, mas não consegui alcançar exatamente o significado dela.
R.: Bem, na frase de Shakespeare, "estrelas" significam "destino". No texto original, o nobre romano Cássio diz a Bruto: "A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos, que consentimos em ser inferiores." Ou seja, não há nada de errado com o destino; o problema somos nós.
Bem, isso é válido quando estamos falando de Bruto e de Cássio. Mas não quando estamos falando de outras pessoas. Muitas delas sofrem desnecessariamente, não porque fizeram algo de errado nem porque são más ou sei lá o quê, mas porque dão azar. Na verdade, as estrelas têm muita culpa, sim, e eu quis escrever um livro sobre como vivemos num mundo que não é justo, e sobre ser ou não possível viver uma vida plena e significativa mesmo que não se chegue a vivê-la num grande palco, como Cássio e Bruto.
 
Anônimo perguntou: Por que você escolheu o “O.k.” para ser o “sempre” do Augustus e da Hazel? Além do mais, por que esse lance do “sempre”?
R.: Bem, “sempre” nada mais é que um conceito intrinsecamente ridículo, mas é claro que você quer dizer isso para as pessoas que ama, não quer? Você quer prometer a elas que vai amá-las para sempre, que sempre vai tomar conta delas, que elas não precisam se preocupar porque você sempre vai estar ao lado delas. Você não vai estar sempre ao lado delas, porque em algum momento você vai morrer ou ficar preso num engarrafamento ou se apaixonar por outra pessoa ou sei lá o quê.
Nós (eu inclusive) não pensamos no ridículo do que estamos dizendo quando falamos: “Eu vou amar você para sempre”*, “Sempre vou me lembrar desse dia”, ou “Eu nunca vou esquecer** você” ou o que quer que seja. Quer dizer, eu digo essas coisas o tempo todo, assim como a maioria das pessoas. Mas a Hazel e o Augustus são muito mais cuidadosos no modo como veem a si mesmos e o amor que sentem/a responsabilidade que têm pelas outras pessoas, daí terem adotado o “o.k” como a expressão que serve para demonstrar o amor que sentem um pelo outro.
* É importante observar que “para sempre” não é muito tempo, assim como o “infinito” não é um número grande. Para sempre é infinito, e é preciso coragem para fazer declarações que envolvam infinitos.
** Dizer isso me parece muito arriscado. Tipo, e se você desenvolver demência?
 
timaju perguntou: Existe algum significado/ligação especial na capa do livro que aparentemente foge à maioria de nós?
Não acho que haja nela nenhuma ligação literal com o livro. (Ela apenas “brinca” com as piadas que falam do diagrama de Venn.) Mas as nuvens branca e preta dialogam com o fascínio do Gus pelas sombras dos galhos de árvore que se entrelaçam em Amsterdã, e eu acho que a metáfora ali é grande, importante e que foi visualmente apresentada de um jeito interessante sem parecer que é uma metáfora.
Além disso, acho que a capa ficou bem leve, minimalista e linda.

Amanhã tem mais... Beijos e deixem seus comentários. Ah... não esqueçam de compartilhar e divulgar o blog, Okay ;)



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